Para quem é mãe ou pai, estar de férias é muitas vezes sinónimo de slow parenting, ou seja, de estar com os nossos filhos sem pressas, apreciando, genuinamente, os momentos que passamos juntos.
Para mim estar de férias implicou percorrer o caminho casa-praia subindo e descendo escadas um sem fim de vezes, responder ao “que é isto?” de cada vez que passava um autocarro, uma camioneta e novamente um autocarro. Implicou parar para observar como funciona o camião do lixo, fazer festinhas às plantas, apanhar pedras do chão, espreitar a casa do gato, fazer-lhe um “truz truz” e dizer-lhe olá, vezes sem conta. Implicou deixar que escolhessem o caminho, definissem a velocidade, parando, observando, para continuar e logo de seguida voltar a parar. Permitir que um caminho que em média demoraria 5 minutos, passasse a demorar 10, 15, 20 minutos. Dar-lhes liberdade de movimento e de escolha, para que possam explorar o mundo à sua volta.
A verdade é que as crianças têm todo o tempo do mundo. São crianças. E muitas vezes não compreendem a agenda do adulto. O objetivo do adulto é despachar as tarefas com eficiência e rapidez, por outro lado, o da criança é repetir e praticar, explorando o mundo à sua volta através do movimento. Isto implica tempo, dedicação e consciência da nossa parte. Possibilitar que possam ser, precisamente, crianças.
Por vezes, não é fácil incorporar o slow parenting ou, se preferirem e eu prefiro, o respeito pelo ritmo da criança, no nosso dia a dia. No entanto, não deixa de ser um exercício fantástico que pode fazer maravilhas pela relação com os nossos filhos. Afinal de contas, não há nada mais importante do que estabelecer uma conexão profunda com eles e isso só é possível quando os nossos objetivos estão alinhados com os deles.
Joana Magalhães