Desde que iniciamos o processo de abertura da escola, temos estado cada vez mais atentas à evolução da educação em Portugal. Já todos percebemos que a educação vai levar uma reviravolta e que novos (pelo menos em Portugal) métodos estão a criar as suas raízes de norte a sul de Portugal.
Existem três pilares fundamentais na educação Montessori: o ambiente preparado, os materiais e o adulto preparado, seja ele Guia, Assistente ou Pai/Mãe. Em contexto de sala, embora o papel de Guia seja bastante claro para a maioria das pessoas que conhecem a pedagogia Montessori, como sendo a pessoa responsável pelo funcionamento da sala e pela componente pedagógica, por vezes, existe uma névoa em torno daquilo que são as funções e (diria ainda com mais afinco) a importância do papel de Assistente Montessori. É sobre isso que nos vamos debruçar.
A responsabilidade principal do Assistente é ser um facilitador do desenvolvimento natural e inerente da criança, através da recetividade ativa. A sua responsabilidade não é ensinar, mas sim estar presente. De facto, na maioria das escolas, o foco na aprendizagem é o mais importante, contudo o mesmo não se passa na educação Montessori, onde a tónica está na criança.
Enquanto Assistente, e para ter sucesso, a atenção deve vir em primeiro lugar. É extremamente importante estar plenamente consciente de cada aspeto da dinâmica da sala de aula, seja das interações sociais, das questões logísticas ou de outros aspetos importantes na preparação do ambiente. Deste ponto de vista, o Assistente estará pronto para se envolver ativamente de forma a providenciar a ajuda necessária ao funcionamento da sala, com eficácia e competência.
Em vez de dar instruções, o Assistente deverá ter a capacidade de promover a disciplina e nutrir a curiosidade pela aprendizagem que é conduzida pela própria criança. Já aqui falamos nisto, quando uma pessoa é responsável por si mesma e somos capazes de promover a autonomia da criança, todos, incluindo os adultos, se sentem menos ansiosos, mais livres e mais capazes. O Assistente tem um impacto preponderante nisto e é por isso que é um trabalho tão fascinante e inspirador.
Ser Assistente Montessori é também valorizar e respeitar a singularidade de cada criança, ao mesmo tempo que alimenta e modela constantemente o seu amor pela aprendizagem. É responsável por ajudar a resolver conflitos entre crianças e deve ser capaz de usar a linguagem positiva de forma a redirecionar o comportamento da criança.
A comunicação e a confiança entre Assistente e Guia é outro dos aspetos vitais para o sucesso da pedagogia Montessori. Muitas vezes, o dia é tão ocupado que o único momento em que realmente há comunicação entre ambos (e de forma a não interromper os ciclos de trabalho) é antes e depois da aula. O Assistente Montessori deve fazer observações claras e detalhadas do que aconteceu na sala durante o dia e partilhar as suas anotações com o Guia no final do dia.
Compreendemos, então, muito facilmente a importância que o Assistente Montessori assume na educação. Em tempos cruzei-me com estas três questões que alguém com o papel de Assistente se deve colocar e que acho absolutamente fundamentais:
- Qual o propósito da educação?
- Como posso aprender e crescer da melhor forma?
- Como é que isto tudo me ajuda a moldar a minha visão do mundo, a minha presença numa situação?
São questões que por vezes não têm uma resposta imediata (nem fácil) e, ainda assim, são tão universais como as situações que vamos enfrentando no nosso dia-a-dia, seja como Assistente ou como pais, por exemplo. No entanto, uma coisa é certa, torna-se num Assistente Montessori é um caminho de crescimento e aprendizagem, é o caminho do adulto preparado (ver mais sobre o papel do adulto preparado aqui).
Em jeito de conclusão, podemos dizer que tornar-se Assistente Montessori é ir muito mais além do papel de limpar e preparar o ambiente ou de preparar os materiais. Tornar-se Assistente é inspirar e orientar as crianças, tornando-nos exemplos e modelos a seguir. É ser um par de mãos extra, um olhar atento e um sorriso reconfortante. É contribuir para a vida das crianças e fazer parte do mundo delas.
Joana Magalhães