Começa a Primavera e com ela o “bom” tempo, ou assim esperamos que venha em breve, e começamos a ver uma boa oportunidade para iniciar o processo do desfralde.

Quando olhamos para a pergunta no título, rapidamente nos apercebemos que a resposta está relacionada com onde colocamos a tónica, no adulto ou na criança.

Se queremos respeitar o ritmo da criança, num processo natural de tomada de consciência de si, do seu corpo, das suas necessidades, pois diríamos “deixar” a fralda, colocando como responsável do timing este processo a criança, contudo acabamos por mencionar muito mais frequentemente o “tirar” a fralda, pois na maioria das situações é o adulto quem “tira” quando acha que é o momento!

A partir do momento em que a criança se segura de pé ou caminha, já não quer (em grande parte das situações) mudar a fralda deitado, quer permanecer de pé. Emmi Pickler desenvolveu um muda fraldas que respeita este desejo da criança com segurança (imagens abaixo). Imagem relacionada

De todas as formas, podemos desde cedo apresentar o “pote” ou “mini sanita” à criança, mostrar-lhe onde está, explicar para que serve e introduzir este objeto na rotina diária. Após cada refeição questionar se quer ir (a criança é livre de querer ou não ir, de ir só lá espreitar, tirar a fralda e voltar a por ou sentar-se) ao pote ou à sanita, sem grandes expectativas, simplesmente dar a oportunidade e criar o hábito, da mesma forma antes de sair de casa, ao chegar à escola ou novo local, antes de mudar de actividade ou ambiente. Ir à casa de banho à sanita, passa a ser mais uma “atividade”, como o enfiar contas num fio, ou por a mesa, seja em ambiente de escola ou casa.

Quando a criança avisa que tem a fralda suja, começa claramente a dar-nos indicação de que está atenta, consciente e de que a fralda suja é algo que a incomoda. Então o que podemos fazer a cada muda de fralda, é tirá-la diretamente na sanita (seja ela pequenina, proporcional ao tamanho da criança ou maior com auxilio de um degrau), verificando se ainda ficou algo por fazer. No fim pode limpar o adulto e/ou dar-lhe uma toalhita ou papel para que esta tenha um papel ativo ao longo de todo o processo.

Gradualmente a criança vai começando a antecipar o momento em que sente vontade de realizar as suas necessidades, até que consegue chegar à sanita antes de as fazer, ficando felicíssima quando consegue ouvir o xixi na sanita 🙂

Uma vez que já antecipa, podemos perguntar se quer usar cuecas, e mostrar-lhe o que pode fazer em caso de haver um acidente. Deve pedir ajuda a alguém para limpar o chão, deve retirar a roupa suja e saber onde a pode colocar (sacod e plástico para levar para casa, ou lavandaria se estiver em casa), como se pode limpar a ela própria e onde pode encontrar a sua roupa limpa, de modo a que se algum “despiste” acontece, tem ao seu alcance tudo o necessário para solucionar.

Este é um processo gradual, ao ritmo da criança, sem pressões, sem comparações, e mais cedo ou mais tarde acontece com toda a naturalidade. Desta forma estamos a ajudar a criança a dar mais um passo em direção à sua autonomia, independência, auto-estima, ajudando-a a sentir-se bem com ela própria.

Deixo-vos um link de um video delicioso sobre este processo.

Boa semana.

Joana Rebelo

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