A formação que fiz em Setembro de 2017, no Porto, como Assistente Montessori (3-6 anos) deu-me muita informação sobre a pedagogia, a sua expansão e sobre Maria Montessori (a sua obra e o seu percurso). Para além destas informações, fiquei também a conhecer os períodos sensíveis das nossas crianças (o que são e quando ocorrem) e como nós, adultos preparados, podemos detectá-los através da observação.

Para mim, este conceito tem sido especialmente importante nos últimos tempos já que tenho assistido a uma destas fases no meu filho de 5 anos. O L. tem demonstrado gosto e motivação pelas letras: quer escrever o seu nome a toda a hora e conhecer cada vez mais e mais letras!

Tal como Maria Montessori refere, caso haja interesse, devemos seguir a criança e assim fizemos! Mais recentemente, através de um jogo de letras, este interesse transformou-se na maior descoberta de sempre! 🙂

O jogo requer que as crianças coloquem várias imagens no centro da mesa e que, paralelamente, retirem uma carta com uma letra específica. O mais rápido a identificar uma palavra que conste na imagem e que comece com a letra eleita, deve tocar na campainha e dizer a sua palavra. Ganha o jogo quem disser mais palavras nas imagens associadas às letras.

 

 

 

As primeiras vezes que jogou este jogo com outras crianças, o L. não tinha a sensibilidade necessária para dizer as palavras que o jogo pretendia: dizia todas as palavras que lhe vinham à cabela sem que fossem necessariamente as mais correctas. Contudo, algo surpreendente aconteceu passado já alguns dias: deitado na cama, antes de adormecer, chamou-me para me contar que “FORMIGA” e “FLOR” começam pela mesma letra. Achei aquele momento maravilhoso pelo inesperado mas também pelo emocionante que foi para ele. Despertou naquele momento (o sono desapareceu) mas foi incrível vê-lo fazer conexões na sua mente e dizer em voz alta, com um grande sorriso: ” PÃO” e “PADARIA”; “PAPÁ” e “PAI”; “FRUTA” e “FRUTARIA”, “MAMÔ e “MÃE”…

Os períodos sensíveis são então fases no desenvolvimento das crianças que, para além de incluirem um interesse contínuo (quase obsessivo) por algo, lhes perimtem evoluir rapidamente num determinado assunto, através da forma natural como absorvem tudo o que está em seu redor. Esta “mente absorvente” , como Maria Montessori lhe chamou, permite que a criança aprenda de forma instintiva e guiada pelas suas necessidades individuais.

Existem vários tipos de períodos sensíveis que devemos e podemos ter em consideração enquanto observamos as nossas crianças, tais como:

• movimento (0 – 18 meses);
• linguagem (do nascimento aos 6 anos);
• música (2 a 6 anos);
• leitura ( 3 a 5 anos);
• relações espaciais (4 a 6 anos);
• matemática (4 a 6 anos)
• socialização (2 a 6 anos);
• escrita (3 a 4 anos);
• ordem (2 a 4 anos);

Devido aos seus estudos, Maria Montessori descobriu que estes períodos sensíveis são típicos de cada idade e regulares entre todas as crianças, pelo que não se deixam influenciar por culturas ou hábitos. Contudo, aquilo que Montessori também refere é que estes períodos, apesar de serem transversais, precisam ser trabalhados nas épocas em que aparecem. O facto da criança demontrar interesse por algo em particular, num determinado momento do seu desenvolvimento, potencia períodos de concentração e de aprendizagem mais fortes que, apesar de serem passíveis de atingir mais tarde por vontade externa ou interna, ocorrem de forma mais natural e completa caso seja detetados e potenciados no seu devido tempo.

Quando referimos que o percurso escolar, em Montessori, é feito de forma individual e seguindo os interesses de cada criança, é precisamente a estes períodos que nos referimos e que vamos observar, para que cada criança tenha uma experiência mais feliz e mais positiva na aprendizagem.

Rosana Fernandes

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