Uma parentalidade mais consciente
Aconteceu comigo. Quando começamos a pensar em ter filhos, pensamos no amor que iremos sentir e nos cuidados que lhes iremos prestar. Durante a gravidez este sentimento intensifica-se e apodera-se de nós quando finalmente nascem. Os “problemas” vêm depois. Que tipo de mãe/pai quero ser? Como posso fazer o melhor por ele/a? Quem me pode orientar? É aqui que entra Montessori.
Não é segredo e já vimos as múltiplas relações entre a pedagogia e a parentalidade consciente. Para mim Montessori é um caminho de respeito para com as minhas filhas, é uma forma de estabelecer um vínculo com elas que traz paz e serenidade à minha casa e foi sem dúvida um despertar para esta questão.
Não ser um obstáculo
Alguém dizia: Educar é ajudar a criança a criar conexões úteis no cérebro. De cada vez que não permitimos que uma criança explore uma determinada conexão, seja uma causa-efeito, como atirar uma bola ao chão para ver o que acontece, ou não a deixamos percorrer um determinado caminho sozinha, existem conexões neuronais que se quebram e estamos a ser um obstáculo ao seu desenvolvimento. Queremos que estas relações de interlacem. Bem sei que nem sempre é fácil, mas é um exercício que tento fazer e dou comigo muitas vezes a perguntar: “Mas não, porquê?”; “Não pode fazer isto?”; “Será que não posso deixar?”.
Respeitar o seu ritmo
Este é claramente um work in progress. Qual calcanhar de Aquiles difícil de gerir. Gosto de achar que a culpa é do ritmo desenfreado que levamos, mas se vou ser honesta, lá no fundo, sei que sou eu, seja porque não acordo mais cedo (como deveria) ou porque me deixo facilitar. Ainda assim, Montessori ajuda-nos a ter um foco, a saber para onde queremos ir e eu gosto de pensar que estou no caminho certo.
Gestão de conflitos entre irmãos
Gémeos! Quase que nem precisava de dizer mais nada, mas vamos lá. A mesma fase de desenvolvimento, as mesmas necessidades (de preferência ao mesmo tempo) e, claro está, o querer o mesmo objeto que a/o irmã/irmão tem. Quem os tem sabe como é e quem não os tem também. Com Montessori percebi que podia aplicar em casa as mesmas regras que se aplicam em contexto escolar: o respeito da criança por si própria e pelo outro.
Assim, uma das regras em contexto de sala de aula é o respeito pelo trabalho do outro. Se uma criança quiser uma atividade que está a ser utilizada por outra, tem de esperar que a atividade fique disponível. O respeito pelo espaço do outro é fundamental. Aqui em casa também. E é curioso perceber que desde tenra idade a criança compreende esta noção de respeito. Hoje, com 3 anos, assisto a negociações, ao afirmar da sua autoconfiança e ao respeito pela individualidade de cada uma.
Organização do ambiente
Menos é mais. Montessori pela particularidade na organização dos materiais e pela necessidade de devolver o objeto à prateleira de onde foi retirado, é um verdadeiro salva-vidas da ordem doméstica de quem tem filhos. O segredo: explicar e mostrar como se arruma, voluntariar-se para ajudar a arrumar nas primeiras vezes e desfrutar.
P.S.: Ainda assim, conte com alguns dias de desarrumação. Nem sempre é perfeito.
Permite dar um foco à educação dos nossos filhos
Montessori permitiu-me encontrar novos valores para educar as minhas filhas, num verdadeiro encontro comigo mesma.
A educação para a paz, a harmonia, o estabelecimento de relações e vínculos, o respeito pelo mundo à nossa volta, a consciência, o sentimento de missão e pertença a um mundo que necessita tanto de nós e a constante construção de nós mesmos.
Fazer parte torna-nos ativos, inspira-nos e é motor de felicidade 😊
Continuação de uma excelente semana,
Joana Magalhães