Se resumimos numa palavra toda a psicopedagogia de Maria Montessori seria AMOR.

Maria Montessori amava tanto as crianças que passou toda a sua vida a observá-las. Todo o método científico começa pela observação. Maria Montessori, científica de profissão e humanista de coração, apercebe-se que “ a criança é uma fonte de amor”. Para ela o amor é a energia vital que ajuda na aprendizagem do mundo que a rodeia, e por isso a criança deve ser a protagonista do processo de aprendizagem.

Se repararmos na maior parte das escolas, quem é o/a protagonista? O/a professor/a. Este é quem define o que vão fazer, como, quando, onde, independentemente da criança gostar de cantar ou fazer desenhos…

Um amigo comentava que a educadora do filho lhe dizia que era muito importante chegar cedo, pois de manhã faziam o círculo onde todos cantavam e o pequenote não ia querer faltar. Na manhã seguinte o meu amigo apressado para não chegarem tarde diz-lhe: “Vamos ser rápidos que assim chegas a tempo de cantar a música no círculo da manhã!” A surpresa veio depois: “Mas eu não gosto nada de cantar essa música…. “.

O que Maria Montessori fez foi observar como se dá o processo de aprendizagem, o que o impulsiona, motiva, e assim preparou um ambiente seguro, estimulante, bonito, ordenado, amplo, luminoso, um ambiente preparado para que a criança descobrisse a sua própria identidade.

A pedagogia de Maria Montessori não é mais que “ajudar ao desenvolvimento da criança, e auxiliá-la a adaptar-se às condições do presente”, ajudar a conhecer-se e a desenvolver-se na vida fiel à sua identidade, e para isso o ser humano deve capacitar-se intelectual e fisicamente. Assim, um Ambiente Montessori é um contínuo fluir de movimento, pois a atividade é gerada pela enorme quantidade de materiais que Maria Montessori e outros colaboradores desenharam durante toda a sua vida e que foram testados ao longo destes anos por crianças em todo o mundo.

Maria Montessori amava de tal forma as crianças que desenhou estes materiais tendo em consideração os movimentos naturais das crianças e seus interesses inatos, estimulando assim os seus períodos sensíveis, conhecidos na neurociência por “janelas de oportunidade”, uma vez que a neurociência, novo paradigma no modelo educativo atual, referencia a psicopedagogia de Maria Montessori ponto por ponto.

Maria Montessori dotou ainda de dignidade, autonomia, autoestima e liberdade as crianças, pois os materiais concebidos são autocorretivos, pelo que a criança não necessita de supervisão, correção ou aprovação do adulto. São eles quem constrói a sua aprendizagem, aprendem a aprender, a construir a sua personalidade com tendência à perfeição e a ultrapassar os obstáculos/erros. Errar é parte do processo, simplesmente devem superá-lo. O papel do adulto é unicamente o de ajudar a criança a chegar ao êxito, por isso os materiais apresentados devem estar em consonância com o seu desenvolvimento cognitivo e motor, desta forma Maria Montessori entendia que “a educação é uma ajuda à vida”.

É assim importante que nós adultos amemos as crianças, guiemos o processo, preparemos o ambiente, conheçamos as fases de desenvolvimento das crianças, períodos sensíveis, interesses, e tenhamos presente que são as crianças as protagonistas da sua aprendizagem, confiando nestes e em todo o seu potencial.

O essencial do processo é assim o amor pela criança, trabalhar para alcançar a sua felicidade e bem-estar, dotando-a de ferramentas cognitivas que a ajudem no seu crescimento.

Boa semana.

Joana Rebelo

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