Tive o prazer de estar numa formação sobre Pedagogia Montessori com uma pessoa muito especial e que é facilitadora certificada de Parentalidade Consciente.

Conversamos sobre pontos comuns entre estas duas vertentes pedagógicas e na verdade concluímos que em Montessori, aplicam-se os princípios inerentes à parentalidade consciente, na educação das crianças (seja por parte dos pais ou educadores).

Não resisti e pedi-lhe que partilhasse connosco umas breves notas sobre os pontos que ligam estas duas correntes e heis um lindo texto que me fez ficar de sorriso nos lábios 🙂

“Senti mesmo que esta pedagogia se liga bastante à parentalidade consciente, e tal como referiste as pessoas/professoras/guias são muitas vezes mais importantes do que a metodologia em si, mas creio que os princípios da Pedagogia Montessori estão de mãos dadas com os valores da Parentalidade Consciente.

Na PC não há um conjunto de técnicas e estratégias para aplicar a todas as famílias, quando muito podemos ter algumas ferramentas que nos podem ajudar em determinadas situações mas não há uma receita, cada um percorre o seu caminho. Os caminhos são todos diferentes e está tudo bem com isso.

Na PC não nos focamos apenas no comportamento da criança, vemos a criança como um ser que tem emoções, opiniões, necessidades e desejos, ou seja tentamos perceber o porquê do comportamento em vez de o corrigir e desta forma preenchendo a necessidade em falta o comportamento vai-se alterar.

Podemos encontrar muitas ligações mas penso que falando dos valores da PC percebe-se facilmente as ligações.

Então os valores base são: Igual valor, respeito pela integridade, autenticidade, responsabilidade pessoal.

– O igual valor significa que as opiniões, desejos, necessidades e emoções da criança tem exatamente o mesmo valor que o dos adultos. O adulto tem obviamente mais responsabilidade na relação mas tem o mesmo valor que a criança.

– Respeito pela integridade (limites e necessidades físicas e psicológicas) não significa que se vá satisfazer todos os desejos (que são diferentes das necessidades) mas significa que vamos respeitar esse desejo e comunicando de forma consciente que podemos dizer não sem ferir a integridade da criança.

– Na autenticidade procuramos criar um momento de presença, abertura e verdade seja em momentos de harmonia como em conflito. Passa também por assumirmos os nossos erros, medos e vulnerabilidades e desistirmos da perfeição.

– A responsabilidade pessoal passa por assumirmos responsabilidade perante a nossa vida, escolhas, as nossas emoções e necessidades servindo de exemplo para a criança e também deixando que as crianças assumam responsabilidade pessoal adequada à idade.

Poderíamos falar de muitos outros que certamente também são comuns mas estes são os que chamamos de “pilares” e que por serem amplos implicitamente abraçam outros valores talvez mais comuns.

O facto de na Pedagogia Montessori cada criança decidir as atividades que vai trabalhar, sem imposições, sem julgamentos e avaliações associo ao igual valor e o respeito pela integridade. Também quando referiste, por exemplo, que se as crianças não estão preparadas para partilhar um objeto pessoal não o levam para o recreio, consigo aqui associar todos os valores. O facto de ser a criança a arrumar todas as atividades e tratar dos seus pertences bem como trabalharem áreas da vida pratica vejo muito de trabalho de responsabilidade pessoal….enfim podia enumerar montes de exemplos…

Vejo também ligação às 7 atitudes de mindfulness que aplicamos na PC, são elas: confiança, aceitação, mente de principiante, não julgamento, paciência, não esforço, deixar ir. Acredito que vocês também promovem estas atitudes.

Outro ponto comum é o cuidado com a forma como se comunica com as crianças, parece-me de acordo com a comunicação consciente. O cuidado que se tem em não avaliar/julgar, seja para elogiar seja para criticar, preferindo apenas descrever aquilo que estamos a ver e reconhecer o que foi feito, evitando os elogios vazios do Boa! e Muito bem!, Que bonit@!…

E assim de uma forma geral é o que me salta mais à vista, não me apercebi de pontos opostos…”

Acredito que se Maria Montessori nascesse na nossa época, certamente reconhecia os pontos de ligação entre estas duas correntes, e que bom estarmos numa era de pessoas mais conscientes, agora o importante é após esta tomada de “consciência” consigamos promover mudança no nosso dia-a-dia na relação com a criança!

Obrigada Bárbara Amorim *****

 

Boa semana a todos,

Joana Rebelo

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