Nos dias de hoje e com tantas abordagens sobre a parentalidade é normal que nos sintamos confusos. Uma coisa é certa: tentamos cada vez mais ser pais conscientes e capazes e o facto de procurarmos e questionarmos uma resposta para a educação dos nossos filhos é um ato incrível. Portanto, sim, vamos lá.

A pedagogia Montessori nasceu num contexto escolar, mas mais do que um contexto, nasceu da observação da criança, da observação do seu desenvolvimento natural, que acontece em todos os contextos onde a criança está inserida. Enquanto pais temos como objetivo ajudar a criança a tornar-se independente, criativa e capaz de resolver problemas. A questão que muitas vezes nos colocamos é: como podemos fazer isto? Montessori pode ser uma resposta, daí o termo Parentalidade Montessori.

Ir ao encontro dos princípios da pedagogia significa aprender a respeitar o ritmo da criança, criar um ambiente harmonioso em casa e contribuir para o seu desenvolvimento. Para isso, necessitamos de saber observá-la, perceber os seus interesses e compreender as suas necessidades de desenvolvimento dentro de cada etapa. Necessitamos de aprender isto porque desta forma estaremos em sintonia com a criança e saberemos como lidar nos momentos de angústia e frustração, mas também identificarmos o que ela necessita para se desenvolver.

Para além desta compreensão, precisamos de encorajar as nossas crianças a serem independentes. Todos concordamos que nos dias de hoje esta competência é cada vez mais determinante e que esta independência é promotora de autoestima e resiliência. Para encorajar a independência nas crianças precisamos de preparar as ferramentas e as oportunidades para que a criança se possa desenvolver. Aprender a vestir-se sozinha, a tratar dos seus pertences, a preparar um lanche ou a servir-se de água, são alguns exemplos de competências importantes que quando alcançadas traduzem-se no sentimento de capacidade. É por esta razão que preparamos o ambiente em casa e o adaptamos à criança.

Os primeiros seis anos de vida da criança são chamados de anos dourados onde a criança desenvolve grande parte da sua estrutura cerebral principal. Durante este período a criança tem uma mente absorvente. Absorve todo o tipo de informação daquilo que a rodeia, de forma indiscriminada, contínua e sem esforço, primeiro de forma inconsciente, e a partir dos 3 anos, de forma consciente. A criação de um ambiente ordenado à sua volta é de vital importância porque contribui para a estruturação do seu pensamento. Além disso, as crianças desde o momento que nascem absorvem o mundo através dos 5 sentidos, sendo muito mais sensíveis que nós. É, portanto, necessário proporcionar-lhes diferentes experiências, atividades e materiais que permitam desenvolver o seu lado sensorial e podemos fazê-lo em casa.

Outro aspeto essencial ao desenvolvimento da criança é a liberdade de movimento e de escolha, muitas vezes é disto que se trata “seguir a criança”. Mas esta liberdade não deve ser confundida com uma liberdade sem limites. Devemos ser capazes de proporcionar à criança um ambiente em casa que vá ao encontro das suas necessidades e que lhe permita seguir a sua energia interior que a empurra para a independência e para a exploração do mundo. Para o fazer ela precisa de liberdade.  Nesta lógica de pensamento, faz sentido que enquanto pais não estejamos sempre a escolher tudo pela criança e necessitamos de proporcionar tempo para deixar a criança fazer sozinha, seja a calçar-se, a vestir-se ou a escolher a roupa que irá vestir no dia seguinte.

Claro que com liberdade vem responsabilidade e é necessário compreendermos que a criança ainda está a desenvolver a sua capacidade de autocontrolo e de pensamento. Enquanto pais, devemos ser figuras modelos e providenciar limites, que também conferem segurança e consistência.

Óbvio que isto requer uma grande preparação da nossa parte, enquanto pais. E se vamos ser honestos, é um grande desafio e às vezes é necessário simplificarmos a nossa vida de forma a aproveitar ao máximo a parentalidade e estarmos emocionalmente preparados para sermos pais.

Então sim, faz sentido abraçarmos Montessori como um estilo de vida e levá-lo para dentro de nossa casa. Há pequenas mudanças que podemos fazer nas nossas rotinas, na forma como contribuímos para o desenvolvimento da criança, sem complicações nem estravagâncias. É na simplicidade das coisas e nos momentos do nosso dia que encontramos a harmonia e a felicidade. Assim, faz sentido que aprendamos mais sobre ser mãe/pai Montessori, sobre as etapas de desenvolvimento da criança e como ela explora o mundo, sobre como podemos preparar-nos e preparar o ambiente à nossa volta. Por isso, dia 9 de fevereiro iremos ter um workshop sobre Parentalidade Montessori: da teoria à prática, onde estas e mais questões práticas irão ser abordadas. Vamos ser pais Montessori?

Mais informações sobre o workshop aqui.

Até breve,

Joana Magalhães

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